“Acorda Pedrinho, que hoje tem campeonato”, você certamente deve ter lido essa frase no ritmo da música e já deve ter a ouvido muitas vezes no último mês. Mesmo quem não é tão ativo nas redes sociais conhece o famoso single da banda Jovem Dionisio. Uma trend que começou no TikTok, conquistou o mundo digital e quebrou as barreiras do mundo analógico,  contagiou desde crianças até idosos, fazendo com o que o algoritmo das redes sociais entregasse os conteúdos com esse áudio para milhares de pessoas. 


Todo esse boom foi bom para quem criou a música e para as marcas e influenciadores que souberam surfar nessa essa trend como estratégia de marketing. Mas e para os consumidores? Será que o repet ligado contra a própria vontade não saturou?

Looping digital

O sucesso efêmero e espontâneo que as redes sociais proporcionam uma rede de compartilhamento instantâneo que pode levar à saturação do conteúdo. Infoxicação é o termo que define a saturação de conteúdo ou sobrecarga de informação, em que dispomos de mais informações do que podemos digerir. E o melhor exemplo são as trends, sejam de danças ou de desafios, que a internet cria e dissemina ao alcance dos usuários. 


De acordo com dados do Cenp-Meios, os investimentos em publicidade no Brasil chegaram a R$19,7 bilhões em 2021. A Kantar Ibope Media divulgou uma pesquisa que mostra que mais de 50% do investimento em publicidade foi destinado a vídeos. O TikTok e o Reels do Instagram são as grandes estrelas, influenciando o consumo de vídeos curtos. 


Com a crescente procura e consumo dos vídeos curtos e conteúdos mais lifestyle, trends surgem todos os dias e o seu sucesso resulta em um chiclete mental, fazendo com que fiquem nas cabeças e pensamentos dos consumidores. Muitas vezes, os singles que estouram são comparados aos antigos "jingles" publicitários, muito famosos nas décadas de 60, 70 e 80. Um dos jingles mais famosos é o do refrigerante Dolly Guaraná, que certamente acompanhou gerações de famílias. Pensando em um cenário recente, o famoso “pôneis malditos”, que alcançou mais de 6 milhões de visualizações no YouTube em 2011. 


A diferença entre um jingle publicitário dos anos 80 e uma trend do TikTok, é que as trends viralizam muito mais rápido e possuem um alcance maior. As músicas publicitárias apareciam em horários estratégicos durante a programação de televisão, em uma época em que o censo nacional, de 1980, constatou que 55% de um total de 26,4 milhões de residências tinham um aparelho de televisão. Em contrapartida, em 2020 o Brasil tinha a maior população conectada à internet de toda a América Latina, assim como a quinta maior presença online em todo o mundo.

Será que as trends continuarão ditando as estratégias de conteúdo ou os consumidores ficarão cada vez mais seletivos quanto aos conteúdos consumidos?


*Fontes: Portal UOL,Portal Exame, Folha de São Paulo e Conselho Executivo das Normas-Padrão (entidade que reúne os principais anunciantes, veículos de comunicação e agências de propaganda do país). 

Postado em 29/06/2022, por Marina Sayuri.